
Como reconhecer um paver de qualidade?
No momento da escolha dos blocos a serem utilizados em pavimentos e pisos intertravados são comuns entre consumidores e projetistas dúvidas com relação aos produtos oferecidos no mercado.
Existem diferenças quanto ao formato das peças (retangular, 16 faces, sextavado, ossinho, quadrado), e também em relação à diferentes espessuras (determinada, principalmente pelo tipo de utilização), resistência, cores e formas de instalação.
As normas brasileiras para peças de concreto para pavimentação determinam os requisitos e métodos de ensaio a serem utilizados para a especificação das mesmas com o objetivo de garantir sua durabilidade e qualidade de aplicação.
Em especial, podem ser citadas:
NBR 9781 – Peças de concreto para pavimentação – Especificação e métodos de ensaio.
NBR 15953 – Pavimento Intertravado com Peças de Concreto – Execução
NBR 9062: Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré Moldado
NBR 12655 – Concreto Preparo, controle e recebimento, para o concreto utilizado na produção dos sistemas
NBR 14931 – Execução de estruturas de concreto, para os métodos de fabricação.
É comum, porém, encontrar no mercado produtos por preços mais baratos que não são fabricados de acordo com estas normas, e podem trazer problemas para os consumidores.
Dentre estes podemos citar a quantidade de peças quebradas, as dificuldades de alinhamento e aplicação no momento da obra e a necessidade de substituição do paver em prazos curtos.
Assim, mesmo em obras de pequeno porte, é essência estar atento à qualidade do material utilizado.
Obras de grande porte costumam solicitar laudos técnicos a laboratórios credenciados pelo Inmetro, de forma a analisar a conformidade dos blocos com relação às normas através de ensaios determinados pela ABNT NBR 9781 – Peças de concreto para pavimentação – Especificação e métodos de ensaio. Para obras menores, alguns testes mais simples podem ser realizados para analisar a qualidade do paver.
CARACTERÍSTICAS DE UM BOM PAVER
Blocos de concreto de boa qualidade apresentam boa compactação, ou seja, apresentam poucos vazios em seu interior, garantindo resistência uniforme e densidade adequada. Neste contexto, o processo de produção por vibro-prensagem garante maior qualidade, uniformidade e coesão da peça de concreto.
Diferentemente de elementos de concreto moldados e produzidos de maneira tradicional, o processo de vibração tem a função de expulsar os bolsões de ar e a prensagem permite a compactação do concreto. Por este processo, é possível desformar a peça logo em sequência e encaminhá-la para o processo de cura.
Características como compactação e uniformidade são essenciais à durabilidade do pavimento intertravado e contribuem para a economia na obra, evitando a quebra das peças e o retrabalho durante a aplicação. Além disso, garante um piso durável, resistente, capaz de suportar os esforços durante a fase de uso.
As peças de concreto de um piso intertravado devem apresentar pouca diferença em suas dimensões e arestas com acabamento de qualidade e poucas rebarbas para garantir uma execução adequada e ágil. Peças com dimensões diferentes, ainda que por questões milimétricas atrapalham a paginação, tornam a execução mais demorada, aumentam o descarte de peças, e acumulam erros, especialmente em pavimentação de grandes áreas.
COMO RECONHECER UM BOM PAVER?
1. Absorção do concreto
O teste de absorção tem como objetivo indicar a quantidade de vazios existentes na peça. É realizado derramando-se água sobre os blocos posicionados em uma superfície nivelada, ou mergulhando-os em água.
Caso a água derramada não penetre ou tenha dificuldade de penetrar nas peças, estas apresentam poucos vazios internos, ou seja, são peças bem compactadas.
Ao mergulhá-las na água, preste atenção na quantidade de bolhas produzidas. Blocos com muitos vazios internos apresentam grande quantidade de bolhas.
2. Densidade do bloco
O cálculo da densidade, realizado através da divisão da massa do bloco pelo valor do seu volume, também é um indicativo da qualidade do paver. Blocos de boa qualidade devem apresentar densidade maior que 2.200kg/m³.
Para calcular a densidade, utilize uma balança para pesar os blocos a serem analisados, e calcule o volume a partir das medidas de comprimento, largura e altura.
3. Medidas do bloco
As peças do paver não devem apresentar variações maiores que 5mm em sua altura e 3mm em sua largura. A medição de algumas peças para verificação destes padrões garante a escolha de um produto com qualidade de assentamento e aplicação, já que grandes variações podem prejudicar sua execução e desempenho.
4. Acabamento das arestas
As arestas do paver devem apresentar bom acabamento e pequena quantidade de rebarbas, indicando peças bem compactadas. Outra forma de analisar a compactação é bater uma peça contra a outra e analisar o som produzido: peças bem compactadas produzem sons mais estridentes, devido ao reduzido número de vazios internos, enquanto peças porosas apresentam sons mais suaves.
DIFERENÇAS ENTRE PAVER DORMIDO E PAVER PRENSADO
No mercado existem dois tipos diferentes de pavers utilizados para piso intertravado. A principal diferença que é possível ser notada facilmente é que um tem uma superfície mais lisa e o outro tem uma superfície mais áspera.
O paver liso é chamado de paver dormido, enquanto que a peça que possui um acabamento superficial mais poroso é chamado de paver prensado, ou também paver vibro-prensado e paver industrializado.
A diferença não é contudo apenas na textura superficial. São processo produtivos diferentes, que ditam fatores importantes como a resistência, uniformidade, durabilidade e situações de uso.
Paver dormido
O paver dormido é denominado desta forma devido à sua forma de fabricação. Este tipo de peça de concreto pré-moldado é feito em formas, onde o concreto é lançado e passa pelo processo tradicional de cura, antes de ser desformado. Neste processo de espera, ele “dorme” antes de sair da fôrma, por isso o nome dormido.
Durante o processo de fabricação, que é similar ao método de produção de elementos tradicionais de concreto, como vigas e pilares, uma nata de cimento escorre por gravidade para o fundo da forma, o que acaba resultando na superfície mais lisa.
Este tipo de material tem um atrito mais baixo, devido à superfície lisa, e por essa razão não pode ser utilizado em áreas de pavimentação onde há tráfego de veículos.
Outro ponto que afeta a qualidade deste tipo de material é o fato de, normalmente, ele não ser produzido em ambientes industriais controlado, o que pode acabar comprometendo a qualidade do concreto utilizado, a uniformidade das peças e a durabilidade de maneira geral.
Paver prensado
O paver prensado também leva nome devido a seu processo de fabricação, quando ele é vibrado e prensado. O processo de fabricação deste tipo de material requer um maquinário específico, ambiente fabril capaz de controlar quantidades de agregado, cimento e água, bem como o lançamento, processo de cura, armazenamento e preparação para transporte.
Primeiramente, por ser um ambiente fabril controlado, é possível garantir maior qualidade e uniformidade das peças. A resistência característica à compressão (fck) de um paver prensado também é testada em corpos de prova.
O paver prensado possui um acabamento superficial mais poroso, o que aumenta o atrito e favorece à segurança, tanto para pedestres e principalmente para veículos. Este é o tipo de produto que as normas brasileiras permitem que seja utilizado como pavimentação de áreas com tráfego de veículos.